Sangria do primeiro barril de chopp dá início a 28ª Oktoberfest
Primeiro caneco foi servido às 22h21min
Mesmo baixinho, com 1,20 metro de altura, ele provocou euforia nas garotas e a cobiça dos rapazes. A contraluz dos pavilhões ressaltou a silhueta, que não é das mais atléticas.
Arredondada, despertou de longe a atenção pelos 70 centímetros de cintura. Sobre o palco do Setor 2, usava um traje escuro, cor de madeira, feito especialmente para o momento. Loiro, não é daqui, tampouco alemão. Veio de Curitiba, onde vivia em uma fábrica, e chegou há três dias para ser recebido com festa.
Depois do desfile de abertura da 28ª Oktoberfest nesta quinta-feira, o olhar do público já não se voltava mais à rainha Cristiana Krüger ou aos carros alegóricos, todos estavam afoitos pela sangria do barril. Ou melhor, afoitos pelo que estava dentro dele: o chope pilsen Brahma, primeiro a encher o caneco da festa.
Diante de um pavilhão lotado, a torneira foi aberta pelo prefeito João Paulo Kleinübing, na companhia do governador Raimundo Colombo, a exatas 22h21min. A bebida que jorrou sobre os festeiros declarou aberta programação e deu a largada para os 18 dias de alegria.
— Hoje (quinta-feira) é um momento especial. Essa festa que nasceu de uma grande enchente serve para celebrar a nossa alegria e a felicidade do povo blumenauense — brindou Kleinübing, já com o caneco de chope cheio.
Tonel estava disfarçado
O protagonista do primeiro dia, na verdade, estava disfarçado. É um barril de alumínio comum, com as válvulas e a pressão interna do gás adaptados para esguichar até 10 metros de distância as gotas do primeiro chope.
A tonel visível, de carvalho, é apenas uma cobertura para remontar às antigas tradições dos moradores da Bavária, no Sul da Alemanha. O ritual da sangria, que se repete há 28 edições na Oktober, é ainda mais antigo. Na Idade Média, contam os cervejeiros, a cerimônia representava uma honraria, um privilégio ao alcance de poucos.
Sem o primeiro gole do barril escolhido, ninguém poderia provar chope algum na festa.
Um golpe com o martelo de madeira abria uma fissura no barril, antes de verter. Somente os grandes casarões podiam contratar cervejeiros, que produziam e armazenavam o chope em grandes quantidades. Quando a bebida ficava pronta, a vizinhança era chamada e se fazia uma festa, para celebrar a colheita.
— Como os barris eram todos fechados, precisava ser feito um furo, esguichando a bebida, recolhida pelas pessoas que ficavam esperando com os canecos nas mãos — conta o mestre-cervejeiro da Wunder Bier, Fábio Steinbach.
Na Oktober de Munique, o ritual se repete informalmente em todos os pavilhões, diariamente, para abrir cada dia da festa. Foi lá que, em 1950, pela primeira vez um prefeito foi o privilegiado.
A bebida que jorrou nesta quinta-feira, entretanto, despertou o paladar apenas pelo espetáculo. Devido ao caráter cênico, o chope foi conservado em temperatura ambiente, acrescido de uma dose de gás para aumentar a pressão e a espuma.
— Não é necessariamente uma bebida recomendável para o consumo. É mais para encenar — explica o coordenador de eventos da Vila Germânica, Anco Márcio da Cruz.
Bom, se o chope que jorrou do primeiro barril serviu apenas para encher os olhos, pelo menos cumpriu a missão que lhe cabia. Até o dia 23, o último da festa, haja chope para tanta sede. Até lá, a organização da Oktober estima que sejam consumidos 600 mil litros da bebida.
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